domingo, 22 de agosto de 2010

Dramas de uma vida a dois.


Todas as sextas-feiras o telespectador, que por um motivo ou outro, resolveu ficar em casa pode encontrar um programa divertido na Rede Globo: Separação?! Protagonizado pelos atores Debora Bloch (Karin) e Vladimir Brichta (Agnaldo) e escrito por Alexandre Machado e Fernanda Young, com direção de José Alvarenga, o seriado é transmitido após o Globo Repórter, por volta das 23 horas.
É um programa de poucos personagens e de recursos cênicos realistas. O enredo gira em torno de situações, às vezes bizarras, das dificuldades da relação entre marido e mulher, prestes à separação.
Os próprios pontos de interrogação e de exclamação presentes no nome do seriado denunciam as inconstâncias nos comportamentos dos dois principais personagens. Ao mesmo tempo em que mostram sentimentos de rejeição um ao outro, protagonizam cenas de ciúmes e cometem ações, digamos pouco convencionais, para chamar a atenção ou para demonstrar o amor pelo outro.
O cenário é composto principalmente pelo espaço escolar – onde Karin exerce a função de professora; pelo escritório, no qual Agnaldo trabalha como executivo, e pela casa onde moram.
Em torno do casal encontramos personagens que fogem dos padrões conservadores moralistas, e nessa situação se enquadram até mesmos os protagonistas: uma professora neurótica e estressada, uma diretora de escola alcoólatra e comilona, uma chefa que se apaixona pelo subordinado, um executivo incompetente e atrapalhado, e amigos estranhos.
Ao apresentar esses personagens que não se enquadram no comportamento desejado das relações humanas os autores nos oferecem uma visão caótica da sociedade moderna de forma humorística, irônica e repleta de humor negro.
Entre erros e gafes, as situações engraçadas entre os personagens criam atmosferas críticas do comportamento humano e lançam como pano de fundo da relação complicada entre um casal, questões possíveis de reflexão sobre o corporativismo empresarial, sobre as transformações nos laços familiares não nucleares, sobre o novo papel feminino na sociedade e sobre os problemas emocionais causados pelo ritmo frenético do mundo contemporâneo.
O programa não se encaixa na categoria do humor fácil e de efeitos cômicos imediatos, ao contrário, exige do telespectador certo conhecimento crítico, possibilitando, além do riso, reflexões sobre o comportamento, nisso impõe para reflexão situações cotidianas que muitas vezes passam despercebidas como fonte de discussão.
Assim, se um dos objetivos do programa for proporcionar um “humor inteligente” ao mesmo tempo em que informa através de situações banais do cotidiano, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que ele cumpre com os seus propósitos.

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