domingo, 27 de setembro de 2009

Música "O SILÊNCIO", de Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes.

antes de existir computador existia tevê
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor


Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown, dois grandes compositores brasileiros, nos convidam a procurar o homem em meio a tanta tecnologia. A tecnologia e o ciberespaço só fazem sentido se andarem de mãos juntas com o homem: o lado humano da técnica e o lado técnico do humano. Os aspectos emocionais, na música simbolizados pelos batimentos do coração, podem ser amplificados pela tecnologia, se considerarmos que uns dos objetivos do ciberespaço é diminuir as distâncias, aproximar as pessoas e fomentar a coletividade.

Para ouvir a música CLIQUE AQUI.

sábado, 26 de setembro de 2009

O PARADOXO SOU EU.

Leitura de trecho de texto de Fernando Pessoa - por ele mesmo - gravado pelo Ustream.

domingo, 20 de setembro de 2009

TRADUZIR-SE

Leitura do poema Traduzir-se de Ferreira Gullar feito pelo Ustream.

domingo, 23 de agosto de 2009

Resumo de capítulo do livro Cibercultura, de Pierre Lévy.


O capítulo “As tecnologias têm um impacto” do livro Cibercultura de Pierre Lévy desvenda alguns conceitos que cerca a relação técnica/cultura e sociedade. O autor inicia o texto esclarecendo que a idéia de que a tecnologia é um elemento à parte (autônomo) da sociedade é errada; segundo ele “as técnicas são imaginadas, fabricadas e reinterpretadas durante seu uso pelos homens, como também é o próprio uso intensivo de ferramentas que constitui a humanidade enquanto tal (junto com a linguagem e as instituições sociais complexas)”, portanto, defende a impossibilidade da separação entre o ser humano (social e cultural) do ambiente material (tecnológico). Lévy escreve ainda que a grande ênfase dada aos impactos das tecnologias no meio social deveria ser dada também à questão de que elas são produtos do próprio homem, e que a distinção entre os elementos cultura, sociedade e técnica não possui respaldo em um ator separado e distinto, sendo para o autor meramente conceitual, e impulsionados por tendências intelectuais ou por forças que nos querem fazer pensar que certos problemas podem ser refletivos considerando apenas um destes elementos, desconsiderando as verdadeiras relações entre eles. Continua dizendo que os produtos da técnica são bastante variados, sendo assim não podem ser analisados de forma geral sem considerar as especificadas das épocas e situações na qual participa, e que por traz do desenvolvimento da cibertecnologia estão Estados, grandes corporações e blocos geopolíticos com interesses militares, de domínio e de expansão mercadológica. Em relação ao assunto da tecnologia ser determinante ou condicionante de uma sociedade, o autor escreve que as técnicas condicionam os meios culturais e sociais, no entanto, as aplicações positivas ou negativas das técnicas dependem de “um conjunto infinitamente complexo e parcialmente indeterminado de processos em interação que se auto-sustentam ou se inibem”, sendo ainda impensáveis algumas possibilidades humanas na ausência da tecnologia. Outro ponto importante colocado do texto refere-se à inteligência coletiva, tida por Lévy como “um dos principais motores da cibercultura”, representando um veneno para aqueles que não participam dela e um remédio para aqueles que conseguem entrar nela e controlar o fluxo de informações e conhecimentos que ela proporciona. Sintetizando, pode-se dizer que os impactos sociais e culturais advindos da tecnologia dependem mais das aplicações que o homem pode fazer dela do que da sua existência propriamente dita, e que as implicações que causam na sociedade não pode ser pensadas isoladamente sem a relação com os outros fatores sócio-culturais.

CONEXÃO EDUCAÇÃO-CIBERESPAÇO: uma abordagem da inteligência coletiva na prática escolar.


Quadro negro. Giz. Pilhas de livros. Professores como o absoluto e digno de todo respeito.
O cenário educacional muda relativamente ao processo de mudança da sociedade. Desde a descoberta da escrita até a atualidade, foram várias as mutações sofridas no processo do aprender, essa mudança se faz ainda mais acentuada quando lançamos nossa ótica para o processo educacional escolar. Se não mais existe na memória das novas gerações, num passado não muito distante, nas rodas de família, nas prosas familiares, sempre se ouvia num tom nostálgico nossos avós e em alguns casos até os nossos pais, ao citarem suas memórias educativas, relatarem seus processos educacionais. Lembra o caderno dos nossos avós, feito numa moldura de quadro, onde dentro se encontrava uma pedra e ela era o seu único caderno? Uma pedra é o termo simbólico aqui usado para expressar o ritmo no movimento das informações desencadeado pelas novas tecnologias especialmente a internet; desde a invenção de Guttenberg até nossa era onde reinam os cientistas da comunicação ligados as grandes multinacionais produzindo de maneira coletiva, de fato se comparada à era da Microsoft a era de Guttenberb poderia ser chamada de idade da pedra, a humanidade se depara com uma nova descoberta do fogo, uma nova dimensão é descoberta pelos navegadores deste info-mar, navegadores de nossas Arcas-de-Noé individuais com janelas que se abrem para o coletivo, neste novo dilúvio.
Na metáfora de Pierre Lévy somos agora argonautas do ciberespaço e o novo dilúvio é informacional. Neste contexto, é importante que os professores tenham conhecimento de como utilizar as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) de forma crítica e criativa, construindo espaços de aprendizagens contextualizadas. Não basta a escola ter laboratórios de informática, é fundamental que esses laboratórios tenham uma proposta pedagógica inserida no Projeto Político-Pedagógico, discutida e construída pelo coletivo. Nessa proposta devem-se levar em consideração as especificidades da comunidade escolar, das disciplinas envolvidas e dos objetivos que se pretendem alcançar.
Desse modo, teremos uma educação de boa qualidade, atualizada e incentivadora, a tal ponto, que os alunos de escola pública estarão tão bem preparados quanto os de escola particular, não só para o mercado de trabalho, mas principalmente, para as surpresas que a vida oferece. Estamos caminhando juntos para uma educação de qualidade, com pais, alunos professores, coordenadores e diretores se conscientizando que o ensino de qualidade nada mais é que um ensino coletivo.
Assim, dentro da proposta da Inteligência Coletiva de Pierre Lévy, a construção do conhecimento dentro do espaço escolar de forma coordenada e dirigida é extremamente válida, possível e enriquecedora: dentro do espaço escolar podem-se propor temas para discussão desde as séries iniciais com o intuito do desenvolvimento da capacidade reflexiva e crítica do alunado. Atualmente, com a facilidade de fazer parte do ciberespaço, diversas crianças, antes mesmo de aprenderem a falar corretamente, já sabem usar o controle remoto da televisão. Os laboratórios de informática e de ciências complementam os livros e a sala de aula. Através de login e senha, os alunos já podem navegar pela rede mundial de computadores e fazerem suas pesquisas e tarefas em casa, via internet. Outro ponto positivo é o desenvolvimento das ferramentas educacionais: em algumas escolas já existem a lousa eletrônica em substituição ao quadro-negro, e universidades oferecem cursos de ensino à distância em diversas áreas de conhecimento.
No entanto, com tantos recursos tecnológicos se desenvolvendo junto com a educação e o mercado de trabalho, cada vez mais exigente no tocante à experiência com a manipulação da informática, torna-se imprescindível a capacitação dos professores para tirarem o máximo proveito da interação entre alunos e recursos tecnológicos para pedagogicamente inserir a educação digital.
E nesta perspectiva de trabalhar o ciberespaço no ambiente escolar, o professor de artes pode usar como estratégias a curiosidade, a imaginação, a fantasia e o prazer de fazer. É inevitável a presença da tecnologia dentro das salas de aula - data-shows, filmes, músicas e a própria internet invadiram as escolas -, sendo saudável a utilização dos blogs, as rádios escolares, a TV digital, os recursos da internet; sem esquecermos a fiscalização e o cuidado com o cyberbulling (conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos que são adotados por um ou mais alunos contra outros colegas via blogs, Orkut, YouTube, entre outros tipos de sites) e o uso do celular em sala de aula.
Exemplificando práticas: quando crianças, na fase pré-escolar de 3 a 6 anos, convivem em um ambiente lúdico e confortável em que a música, o vídeo, os instrumentos musicais e outros apetrechos tecnológicos podem ser utilizados de forma a trazer-lhes possibilidades de ver, ouvir, movimentar, cantar e até mesmo interagir com as demais crianças. Ainda, através da utilização da ferramenta paint do Windows o professor pode sugerir ao aluno que desenhe uma história ou uma cena (com personagens, cenários, objetos) e depois apresentá-lo via data-show, e em seguida transformar coletivamente os trabalhos dos alunos numa apresentação teatral. Contudo, além da utilização do desenvolvimento tecnológico como um recurso material, há também a facilidade dessa tecnologia no sentido de contextualização, pesquisa, conhecimento e apreciação de diversos processos e obras artísticas.
Enfim, nessa rede tecnológica vamos criando e nos criando, identificando e transformando. Inteligência coletiva, blogue-se, link-se. O homem criou a máquina, essa deve servi-lo, e não o contrário. Contribuição para pesquisa, construção do conhecimento, em suma, educação. Lembrando, entretanto, que a sensibilidade é essencial ao desenvolvimento humano e o pensamento crítico é o que move o mundo, e que, na esfera educacional, não basta oferecer tecnologias, é preciso a preparação dos alunos para uma educação que ensine a pensar, pois as tecnologias não produzem nada sozinhas; nós somos o seu grande patrocinador, provedor e usuário, e dependerá de nossas escolhas uma utilização adequada ou não delas.
(Texto coletivo criado pelos alunos do Curso Licenciatura em Teatro da Universidade Aberta do Brasil/Universidade de Brasília/2º semestre de 2009: Rejane Araujo de Oliveira, Alessandro Garcia da Silva, Robson Vieira dos Anjos, Mariana Duarte Amorim, Rodrigo Marcio Ramos Jube, Angela Rojo, Antonio Carlos de Rezende, Cristiane do Nascimento Ladislau, Marly Borgatto de Ccasa, Juliana Mafra, Luis Henrique Martins Cleto e José Aparecido da Silva).