domingo, 23 de agosto de 2009

CONEXÃO EDUCAÇÃO-CIBERESPAÇO: uma abordagem da inteligência coletiva na prática escolar.


Quadro negro. Giz. Pilhas de livros. Professores como o absoluto e digno de todo respeito.
O cenário educacional muda relativamente ao processo de mudança da sociedade. Desde a descoberta da escrita até a atualidade, foram várias as mutações sofridas no processo do aprender, essa mudança se faz ainda mais acentuada quando lançamos nossa ótica para o processo educacional escolar. Se não mais existe na memória das novas gerações, num passado não muito distante, nas rodas de família, nas prosas familiares, sempre se ouvia num tom nostálgico nossos avós e em alguns casos até os nossos pais, ao citarem suas memórias educativas, relatarem seus processos educacionais. Lembra o caderno dos nossos avós, feito numa moldura de quadro, onde dentro se encontrava uma pedra e ela era o seu único caderno? Uma pedra é o termo simbólico aqui usado para expressar o ritmo no movimento das informações desencadeado pelas novas tecnologias especialmente a internet; desde a invenção de Guttenberg até nossa era onde reinam os cientistas da comunicação ligados as grandes multinacionais produzindo de maneira coletiva, de fato se comparada à era da Microsoft a era de Guttenberb poderia ser chamada de idade da pedra, a humanidade se depara com uma nova descoberta do fogo, uma nova dimensão é descoberta pelos navegadores deste info-mar, navegadores de nossas Arcas-de-Noé individuais com janelas que se abrem para o coletivo, neste novo dilúvio.
Na metáfora de Pierre Lévy somos agora argonautas do ciberespaço e o novo dilúvio é informacional. Neste contexto, é importante que os professores tenham conhecimento de como utilizar as TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação) de forma crítica e criativa, construindo espaços de aprendizagens contextualizadas. Não basta a escola ter laboratórios de informática, é fundamental que esses laboratórios tenham uma proposta pedagógica inserida no Projeto Político-Pedagógico, discutida e construída pelo coletivo. Nessa proposta devem-se levar em consideração as especificidades da comunidade escolar, das disciplinas envolvidas e dos objetivos que se pretendem alcançar.
Desse modo, teremos uma educação de boa qualidade, atualizada e incentivadora, a tal ponto, que os alunos de escola pública estarão tão bem preparados quanto os de escola particular, não só para o mercado de trabalho, mas principalmente, para as surpresas que a vida oferece. Estamos caminhando juntos para uma educação de qualidade, com pais, alunos professores, coordenadores e diretores se conscientizando que o ensino de qualidade nada mais é que um ensino coletivo.
Assim, dentro da proposta da Inteligência Coletiva de Pierre Lévy, a construção do conhecimento dentro do espaço escolar de forma coordenada e dirigida é extremamente válida, possível e enriquecedora: dentro do espaço escolar podem-se propor temas para discussão desde as séries iniciais com o intuito do desenvolvimento da capacidade reflexiva e crítica do alunado. Atualmente, com a facilidade de fazer parte do ciberespaço, diversas crianças, antes mesmo de aprenderem a falar corretamente, já sabem usar o controle remoto da televisão. Os laboratórios de informática e de ciências complementam os livros e a sala de aula. Através de login e senha, os alunos já podem navegar pela rede mundial de computadores e fazerem suas pesquisas e tarefas em casa, via internet. Outro ponto positivo é o desenvolvimento das ferramentas educacionais: em algumas escolas já existem a lousa eletrônica em substituição ao quadro-negro, e universidades oferecem cursos de ensino à distância em diversas áreas de conhecimento.
No entanto, com tantos recursos tecnológicos se desenvolvendo junto com a educação e o mercado de trabalho, cada vez mais exigente no tocante à experiência com a manipulação da informática, torna-se imprescindível a capacitação dos professores para tirarem o máximo proveito da interação entre alunos e recursos tecnológicos para pedagogicamente inserir a educação digital.
E nesta perspectiva de trabalhar o ciberespaço no ambiente escolar, o professor de artes pode usar como estratégias a curiosidade, a imaginação, a fantasia e o prazer de fazer. É inevitável a presença da tecnologia dentro das salas de aula - data-shows, filmes, músicas e a própria internet invadiram as escolas -, sendo saudável a utilização dos blogs, as rádios escolares, a TV digital, os recursos da internet; sem esquecermos a fiscalização e o cuidado com o cyberbulling (conjunto de comportamentos agressivos, intencionais e repetitivos que são adotados por um ou mais alunos contra outros colegas via blogs, Orkut, YouTube, entre outros tipos de sites) e o uso do celular em sala de aula.
Exemplificando práticas: quando crianças, na fase pré-escolar de 3 a 6 anos, convivem em um ambiente lúdico e confortável em que a música, o vídeo, os instrumentos musicais e outros apetrechos tecnológicos podem ser utilizados de forma a trazer-lhes possibilidades de ver, ouvir, movimentar, cantar e até mesmo interagir com as demais crianças. Ainda, através da utilização da ferramenta paint do Windows o professor pode sugerir ao aluno que desenhe uma história ou uma cena (com personagens, cenários, objetos) e depois apresentá-lo via data-show, e em seguida transformar coletivamente os trabalhos dos alunos numa apresentação teatral. Contudo, além da utilização do desenvolvimento tecnológico como um recurso material, há também a facilidade dessa tecnologia no sentido de contextualização, pesquisa, conhecimento e apreciação de diversos processos e obras artísticas.
Enfim, nessa rede tecnológica vamos criando e nos criando, identificando e transformando. Inteligência coletiva, blogue-se, link-se. O homem criou a máquina, essa deve servi-lo, e não o contrário. Contribuição para pesquisa, construção do conhecimento, em suma, educação. Lembrando, entretanto, que a sensibilidade é essencial ao desenvolvimento humano e o pensamento crítico é o que move o mundo, e que, na esfera educacional, não basta oferecer tecnologias, é preciso a preparação dos alunos para uma educação que ensine a pensar, pois as tecnologias não produzem nada sozinhas; nós somos o seu grande patrocinador, provedor e usuário, e dependerá de nossas escolhas uma utilização adequada ou não delas.
(Texto coletivo criado pelos alunos do Curso Licenciatura em Teatro da Universidade Aberta do Brasil/Universidade de Brasília/2º semestre de 2009: Rejane Araujo de Oliveira, Alessandro Garcia da Silva, Robson Vieira dos Anjos, Mariana Duarte Amorim, Rodrigo Marcio Ramos Jube, Angela Rojo, Antonio Carlos de Rezende, Cristiane do Nascimento Ladislau, Marly Borgatto de Ccasa, Juliana Mafra, Luis Henrique Martins Cleto e José Aparecido da Silva).

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